9 de agosto de 2016

[Entrevistas] Letícia Godoy



Olá pessoal! Tudo bem com vocês? Espero que sim. Hoje eu estou aqui para entrevistar,pela primeira vez, uma parceira e autora nacional que recentemente resenhei para o Relíquias, bem vinda Letícia Godoy! (lê-se várias palmas aqui.)

Olá Letícia, tudo bem? Primeiramente eu gostaria de agradecer pela oportunidade de ter lido um dos seus livros, Deixe-me Entrar, que por sinal se tornou um dos meus favoritos e, além disso, agradecer por você nos conceder essa entrevista. 

Olá, Este e todos os leitores do blog, estou muito feliz em saber disso, sabia? Deixe-me Entrar levou 7 anos para sair da gaveta e agora que ele se tornou público, nem consigo explicar o quanto estou feliz por toda essa recepção. De coração, obrigada a todos que estão se permitindo "entrar" nesta história comigo.

Uou! Sete anos? Realmente ninguém pode falar que é fácil escrever e lapidar um livro, e deve ser gratificante mesmo ver os frutos disso, Parabéns Lê!  

1) Agora vamos minha primeira pergunta é sobre sua carreira, quando você se descobriu escritora e qual o papel que a escrita tem hoje na sua vida?

Pois é! Foram muitos anos, algumas perdas de arquivos que me fizeram reescrever algumas partes e por aí vai. Então, eu comecei a escrever bem cedo. Com 4 anos a minha mãe me ensinou a ler e a escrever e eu sempre demonstrei interesse por essa área, tanto que com 6 anos, eu já escrevi historinhas de Era uma vez em restos de cadernos. Quando fiz 8 anos, assisti a um filme cujo final foi terrível em minha concepção, então juntei o dinheiro que meu pai me dava para o lanche e comprei um caderno, onde comecei a escrever o meu primeiro romance, hoje intitulado Verde Folha, que estou reescrevendo aos poucos.
Assim, nunca mais parei! A escrita me acompanhou por diversos momentos difíceis de minha vida e acho que o papel dela em minha vida é e sempre foi fundamental. Aprendi a me desenvolver mais, a ser mais compreensiva e humana através da escrita e por isso não me imagino sem ela.

Que história linda, também escrevo desde pequena e acho incrível como a magia das palavras ensina tanta coisa e nos auxilia em tantos momentos, por isso me orgulho de fazer parte desse time!  


2) Essa é uma pergunta difícil! Dentre todos os seus escritos, sejam eles publicados ou não, qual seu preferido?

Ai que linda! Muito obrigada e eu cada dia fico mais surpresa com tantos talentos que temos neste nosso Brasil! E nossa! Que difícil mesmo! Eu não sei dizer qual o meu preferido, mas tenho um carinho todo especial pela série Deixe-me pelo fato de estar tão ligada a minha vida, mas Borborema, meu próximo lançamento, também é bastante importante, pois se passa na cidade onde nasci. Há um projeto onde pretendo fazer uma homenagem ao meu avô que viveu muitos anos e viu minha cidade ser colonizada praticamente, mas ele está longe de ficar pronto, o que posso dizer é que é uma história linda e toda vez que começo a escrever eu choro.

Eu te entendo, é realmente difícil escolher entre seus livros quanto uma mãe entre seus filhos. 

Imagina! Também acho incrível como a cada dia surgem novos talentos da literatura que precisam apenas de uma chance, mas esse é assunto para as próximas perguntas, antes disso eu queria saber se:


3) Você acredita em inspiração? Se sim, contou com ela na escrita dos seus livros? 

E devo mencionar que se a própria autora está chorando na escrita do livro, quem dirá os leitores? Prevejo fortes emoções nos próximos lançamentos, preparem-se galera. 

Olha, eu acredito MUITO em inspiração. As vezes ela vem e eu preciso colocar tudo o que estou sentindo urgente no papel (computador, vale até gravador de voz!). Há dias em que estamos inspirados e tudo sai e outros em que tentamos, mas não parece andar, então eu gosto muito de escrever quando estou realmente me sentindo bem para escrever, assim eu não fico me sentindo presa àquilo e rendo melhor.
Ah... esse livro vai ser bem bonito, um romance mesmo, algo que muitos não esperam de mim, mas espero conseguir impressionar. Gosto disso. Gosto de surpreender, escrevendo coisas que me vem à cabeça e são inusitadas.

Nossa isso também acontece muito comigo, minha mãe até acha loucura e pergunta se baixou o santo (risos) porque eu corro, literalmente, para o computador para escrever e engraçado são os substitutos do teclado, uma folha de papel, o próprio braço, e por ai vai... O importante é não perder a ideia. 

Acredito que essa seja uma característica bem importante em um escritor, não ter medo de arriscar, afinal algo que pode parecer maluco para gente pode encantar uma legião de leitores, para mim você está no caminho certo!

4) E falando em escrever, você pode nos contar um pouco sobre seu processo criativo?

Então, primeiro eu espero vir a ideia, normalmente tenho muitas, mas tento afunilar, pois nem tudo tem potencial. Depois escrevo um roteirinho, eu não fazia isso, mas com o tempo e tantas coisas na cabeça, foi preciso começar a fazer. Só depois que já fiz até a ficha dos personagens, com cor de olho, sobrenome, idade e etc, é que começo a escrever, de fato. O prólogo eu sempre deixo por último. Podem me chamar de malucos, mas eu sempre acredito que o prólogo tem que ser super marcante, então eu fico pensando nele durante toda a criação e aí eu o escrevo. Acho que é isso.

E eu sou a prova viva do que é um prólogo marcante, afinal você arrasou em deixe-me entrar!
5) Mas enfim, acredito que antes de ser escritor, somos todos leitores, qual foi o primeiro livro da sua vida? Aquele que te encantou com a magia das palavras? E atualmente, qual seu predileto?

Muito obrigada, Este! Hm.. sobre os livros, eu sempre gostei muito de ler, devorava livros da biblioteca da escola e houve vários que me marcaram muito, mas um que me encantou na época em que li foi A história Sem Fim. Ele é perfeito, maravilhoso mesmo! Até hoje nutro um carinho especial por este livro. Atualmente, depois de me aventurar pela literatura inglesa por conta da faculdade, eu amo O morro dos Ventos Uivantes, é um livro maravilhoso. Do Brasil, sempre será Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro!



6) Sobre os personagens, alguns autores costumam ver um pouco de si mesmos neles, e você, existe algum que reflita quem é ou foi a Letícia?

Com certeza. Julianne sou eu em uma fase onde achei que não havia mais esperanças. Elvira, de Jurada pelas Sombras, também reflete a garota que já fui e Annabel, apesar de muito mais madura do que as outras protagonistas, tem um pouco de mim. Acho que não tem como não nos colocar um pouquinho em cada um.

Concordo, também acho que cada personagem acaba puxando um pouco da nossa essência.

7) Agora um assunto mais pessoal e acredito-me, de extrema importância, você recebe apoio da sua família em sua carreira de escritora? 

A minha família sempre me apoia muito. Minha mãe no início tinha medo de eu me decepcionar, mas hoje em dia é uma das mais incentivadoras. O meu pai também. Meus irmãos então nem se fala... Alguns tios e primos também me apoiam muito. Esse apoio é essencial para mim. 

Com certeza, se a família está com a gente tudo parece soar possível. 

8) Então, dizem que a mente de um escritor jamais para! Como anda a sua mente? Está escrevendo algo novo, ou tem um projeto em andamento?


Projetos a mil por hora! Eu tenho vários, alguns já são de conhecimento do pessoal, como o volume 2 da série Deixe-me, Borborema que está finalizado e terá publicação em outubro e O quarto ao Lado, que estou postando no wattpad; ele surgiu de um surto de inspiração. Outros ainda estão em segredo, mas realmente, a mente de um escritor nunca para!

9) Infelizmente a literatura nacional ainda é muito desvalorizada no nosso país, para você, qual seria a melhor forma de ultrapassar essa barreira entre leitores, editoras e nacionais? 

Uma maior ênfase da mídia em livros de modo geral. Nós vemos muita mídia em torno de músicos, artistas e esse tipo de coisa e escritores de modo geral não. Eu acho que quando a literatura de nosso país começar a ser realmente valorizada pela nossa mídia, então conseguiremos ultrapassar esta barreira. Porém, vejo que no último ano as coisas estão bem melhores e estamos conseguindo sim conquistar nosso espaço. Hoje vejo vários autores já conseguindo viver só do que escrevem e isso é lindo!

Realmente, a mídia é uma forte ferramenta para divulgação esperamos que a dedicação que vemos em blogs e canais do youtube para divulgação de nacionais também se estenda a televisão, jornais e revistas.

10) Sabemos que você estará na Bienal deste ano, pode refrescar nossa memória com os horários? E você tem algum lançamento previsto para esse ou para os próximos anos? Se sim, qual?


Eu irei todos os dias da bienal, mas os horários oficiais são dia 01 e 03 de Setembro às 19 horas, mas estarei todos os dias por lá no estande N069 da Editora Arwen.
Quanto a lançamentos, como eu disse, temos o lançamento de Borborema em Outubro, pré-venda dia 26. E em 13 de fevereiro de 2017 temos o segundo volume da série Deixe-me, o Deixe-me Ver. Por enquanto são esses que estão marcados e confirmados!

Muito bem galera, se você quiser garantir um autógrafo da Lê, seguem os dias e desde já, boa sorte pra ti

11) Bom, por fim eu gostaria que você deixasse uma mensagem para todos os escritores iniciantes diante desse difícil jornada que é escrever. 

Ai que linda! Obrigada pelo apoio mesmo, mesmo! Eu gostaria de dizer para todos os escritores iniciantes que, se realmente querem seguir este caminho, sejam persistentes. No começo a gente sempre vai encontrar dificuldades, o caminho realmente não é fácil, mas pode ser lindo. Você apenas tem que ver como vai encarar as dificuldades. Seja sempre humilde, nunca pense que sua obra é a melhor do mundo e está finalizada. Há sempre o que melhorar. Seja atencioso com seus leitores, agradeça a cada um pela oportunidade e acho que é isso. Precisamos de muita empatia, carisma e claro, talento, para seguir neste mundo literário que é tão difícil e ao mesmo tempo mágico!
Obrigada, também, ao blog pela oportunidade, pela simpatia e apoio sempre. Obrigada a todos que leram esta entrevista e estão sempre me apoiando, de coração, eu amo tudo isso!

É isso pessoal, espero de verdade que vocês tenham gostado e agradeço novamente a Lê por ter concedido essa entrevista incrível. Vocês podem conhecer mais sobre o trabalho da autora em suas redes sociais e de quebra garantir um autógrafo na bienal, não vai perder essa oportunidade não é?

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Até a próxima!

5 de agosto de 2016

[Resenhas] Deixe-me Entrar, Letícia Godoy


320 Páginas
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Sinopse

Julianne Ipswich cresceu confinada no internato Le Rosey, afastada de sua família com o pretexto de receber uma educação de qualidade. Este fato sempre a incomodou e o maior desejo de Julianne era descobrir a verdade para que a família tenha a afastado, uma vez que não ficou convencida de que a preocupação com os seus estudos seria o único motivo.

Ao completar 15 anos, ela retorna para Stone Forest, a cidade de seus pais, e, aos poucos, acaba descobrindo mais do que gostaria de saber.

Cercada por muito mais perigos e desafios do que ela jamais pôde imaginar que surgiriam em sua vida, Julianne precisará desvendar os mistérios de seu passado e preparar-se para os desafios do futuro rapidamente se quiser sobreviver. As vozes se misturam, os olhos sedentos nunca param de espreitar e o perigo está onde ela menos imagina. Será que Julianne conseguirá enfrentar tudo isso?

Enredo

"— Jeanne, eu não conseguirei existir sem ti! É a razão de eu ser o que sou atualmente. Antes de ti tudo era escuro e vazio! Sentia-me imensamente solitário!"

Página 16

Deixe-me entrar é um romance fantástico da autora nacional Letícia Godoy, seu marco de início é um prólogo narrado no passado, mas especificamente na caça as bruxas, onde a inquisição colocava fim a mulheres acusadas por meio da fogueira. Através dele conhecemos Jeanne Du Chantraine, uma bruxa poderosa que vivia um romance intenso com Gerard Chevalier, porém sua família é condenada a morte e na tentativa de evitar que fosse morta pelas mãos de seus inimigos pediu para que seu grande amor sugasse sua vida, já que ele é um vampiro. Ainda que contra sua vontade, Gerard o faz, mas o vazio da morte de sua amada é eterno assim como sua estadia na terra. 

"O vampiro caminhava sério, pensando nas últimas palavras de sua amada. Toda a vez que se lembrava de seu rosto, sentia o peito arder, como se ainda tivesse um coração. Ele sabia que o seu amor por ela seria eterno, e, caso algum dia a reencontrasse,desejava imensamente poder reconhecê-la, amá-la e, talvez, ser amado por ela uma vez mais..."
Página 21

Assim, somos redirecionados ao presente, onde somos apresentados a Julianne Ipswich, uma garota afastada de sua família desde muito cedo para crescer confinada em um internato com o grande sonho de voltar para casa. 

"Julianne era só uma adolescente solitária com saudades de sua família; que sentia falta de viver em família."
Página 23

Porém, por mais difícil e horrenda que possa parecer a situação, ela é capaz de se adaptar ao novo lar, sendo criada por um casal e convivendo com os demais moradores. Mas é chegado o grande dia, sua família irá retornar, mas ela já não tem mais tanta certeza se ir embora é realmente seu desejo atual. E como se isso já não fosse ruim, antes de partir, seus pais adotivos revelam um grande segredo, além de alertarem que sua vida fora do local jamais será mais a mesma depois disto. 

"Toda a sua realidade parecia a superfície de um espelho e, naquele instante, uma imensa rachadura se formara nele, deixando que as coisas mais inacreditáveis escapassem por esta fenda." 
Página 28

Então a jovem é obrigada a conviver com o segredo sombrio dos pais adotivos e lidar com o abandono sem explicações concisas da família que insiste em tratá-la como uma criança, logo, diante de sua personalidade impulsivaisso torna sua estadia no castelo da família Ipswich conturbada. Além dela ser cercada de mistérios chocantes mesclados a sua rotina escolar diária, que consegue ser a parte mais normal da vida da adolescente, com os típicos clichês colegiais, como por exemplo o primeiro amor.

“Que rosto mais lindo!”, pensou. Nunca vira algo igual. Era ele um anjo? Um demônio? Um... Vampiro?! Fosse o que fosse, morreria se preciso, naquele instante, apenas para continuar olhando-o."
Página 141

Mas nada parece soar tão arrebatador na vida de Julianne quanto a primeira aparição de Gerard em sua vida. Ambos apresentam uma ligação inexplicável, mas os motivos pelas quais a garota busca o homem, são diferentes dos seus quanto a ela, colocando ambos em uma situação embaraçosa com resquícios do passado, onde sobreviver pode ser arriscado.

Impressões

A história é narrada em terceira pessoa e confesso que me encantei pela forma como é narrada. Normalmente não me importo de ler em primeira ou terceira, mas me adapto melhor ao primeiro caso, porém na leitura de Deixe-me Entrar eu realmente me senti envolvida pelo enredo, ainda que não fossem os próprios personagens narrando, existia uma ligação entre o leitor e eles. 

É necessário citar que o enredo é instigante do início ao fim, leve e claro, ele já tem um início arrebatador cercado de mistério e ação, e une elementos que pessoalmente gosto de estudar, como o período de inquisição e o mundo sobrenatural, a forma como a autora indicou cada um deles me pareceu muito real, é certo que para escrever o livro, houve um grande planejamento e estudos frequentes.

A criação do mundo também me convenceu bastante de que de fato, os vampiros existem no mundo, organizados de forma política e organizada,mas é claro, como nem tudo é perfeito, sempre existe quem discorda da ordem. 

Para mim um ponto alto são os personagens secundários, que pela primeira vez se tornaram meus preferidos em um livro. Todos são marcados por personalidades marcantes, únicas. Assim como o fato deles errarem, o que facilita a nossa identificação como leitores, já que somos humanos, feitos de erros. 

Julianne é uma protagonista real, que rege sua vida da forma que fora criada, compreendi bem suas ações arrogantes e de certa forma mimadas por conta da idade e da criação que teve, mas ainda sim o fato dela confiar tanto nas pessoas de forma rápida, me incomodou um pouco, porém acredito que a autora prevê um amadurecimento da personagem até o fim da série, já que notei um desempenho melhor da jovem nas últimas páginas. 

Alias, devo mencionar que meu favoritos são Gerard e Einar. Principalmente o segundo, que provocou muitos risos com seu jeito cômico. 

Sobre a parte visual do livro, não posso apresentar tantos detalhes porque li a versão digital, mas ainda assim, notei que existe um cuidado em retratar o cenário. E a revisão, parece impecável. 

Por fim, acrescento que Letícia criou um mundo fantástico com louvor, fui capaz de vivenciar cada momento com personagens reais e para você que ainda apresenta o preconceito de evitar histórias de vampiros, não perca tempo, recomendo a leitura e estou ansiosa pela continuação.

É isso pessoal, espero que tenham gostado. Você pode acompanhar a autora pelas redes sociais e receber novidades sobre os próximos volumes da série Deixe-me:


Até a próxima!